quinta-feira, 6 de agosto de 2009

LINGUAGENS


A expressão chefe da contemporaneidade é culpa.
Todos nós nos pegamos vez ou outra exclamando sermos envolvidos em seus braços.
Sentimos culpa por não participar como achamos necessário da vida dos nossos filhos, das longas conversas com nossos pais, com mais empenho na vida de nossos companheiros, sentimos culpa por não ter engrenado em nossas carreiras profissionais, por deixarmos boa parte de coisas que adoraríamos fazer para outra ocasião...
Descobri que a linguagem muda assim como as artes, e as demais expressões coletivas sendo reflexo de seu tempo... Esta expressão sempre esteve relacionada a um autor, a um culpado, aquele responsável pelo ato condenado.
Hoje meus lábios e meus ouvidos teimam em pronunciar e compreender que quem sente culpa é vítima. Que esta expressão também pertence com a mesma legalidade aos que procuram abrigo. Sentir-se culpado tornou-se confortável, seguro e até mesmo a melhor maneira de ser absolvido.
Eis aqui mais um sinônimo para contemporaneidade!
Torço para que essa frase me dê as mãos:
“Nenhum culpado pode ser absolvido pelo tribunal da própria consciência.” (Juvenal)

Giô Guimarães

Nenhum comentário:

Postar um comentário