FAMÍLIAS BRASILEIRAS

Nós brasileiros temos a cultura das telenovelas não dá pra negar, eu sempre que posso assisto, qualquer história mesmo. Cafona (quase todas são né), surreal, de época, etc.
Essa novela das 8 do autor Manoel Carlos me desperta a sensação de como as famílias de classe média e alta representadas na novela são conservadoras mas metidas a moderninhas nos diálogos, na embalagem. Já repararam?
A família dos gêmeos bem sucedidos, um deles é arquiteto com firrrma própria e o outro irmão médico aplicado é um bom exemplo disso.
Os caras tem mais de 35 anos moram com os pais até hoje cada um tem a sua suíte, vivem almoçando à mesa em família durante a semana mas brigam, brigam para caramba. Não parecem felizes. A namoradinha em comum é desculpa.
Há outra família onde todos moram no mesmo teto. Todas mulheres, a mãe separada e três irmãs lindas na faixa dos vinte poucos anos. Quase não entendemos o que elas fazem da vida. Só sabemos que a mais velha modelo que agora ficou paraplégica não pode mais trabalhar no que trabalhava. Todas super protegidas pela mãe, pela "renda", pela orla de Ipanema carioca e pela cômoda situação do fazer nada.
Isso reflete para mim uma sociedade acomodada, fútil onde pouco importa a política, a situação do país, o próximo ou nem mesmo então um progresso individual de si próprio.
Ninguém se dá ao trampo de viver fora das asas de seus pais que por sua vez pouco os deixam voar.
Porque temos essa cultura de sair de casa quando casamos? Ou sair de casa quando formos capaz de comprar outra casa. E seremos, quando? E ficamos sugando os coitados de nossos pais ou quem nos banca aos 20, 30 e até aos 40 anos de idade?
Será que é assim que se forma uma sociedade inteligente, ativa? Me parece que somos uma sociedade mais pra eisssperta né?
É justo com esses pais que estão também prorogando uma vida a sós para poderem degustar a vida com mais traquilidade e menos responsabilidade nessa fase?
Me coloco e observo dessa maneira porque tenho uma família também, porque vejo meus pais de 60 anos felizes a sós e vejo como é importante darmos espaço aos tempos certos de convivência entre as pessooas. O mundo ia melhorar bastante.

FERNANDA MACEDO